terça-feira, 29 de março de 2011

Entrevista à direcção do Lar de Revelhe

Introdução

É uma instituição de fins não lucrativos, que acolhe crianças em 2 vertentes: CAT’S (Centro de Acolhimento Temporário) e a IAC (Instituição de Apoio à Criança).


1 - Grupo de área de projecto (G.A.P) Preservando a identidade, quantas crianças têm acolhimento?            
Direcção Lar de Revelhe (D.L.R.)       
Por sexo: 14 rapazes e 21 raparigas;                                                    
Por idade: média 15 anos;
2 - (G.A.P) Recebe as crianças só desta região ou, também de outra(s)?
(D.L.R.)Não. O número de crianças em Fafe é o mais reduzido. Acolhemos mais a nível de Braga, Guimarães, Felgueiras e Famalicão.
3 - (G.A.P) Pode ajudar todas as crianças, ou já teve que transferir para outra instituição?                                                                                                                   
(D.L.R.)Nunca transferimos, mas no caso da criança, por exemplo, ser toxicodependente tem de ser transferida para uma casa especializada nesse sentido.
4 - (G.A.P) Ainda aparecem muitas crianças a precisar do serviço?                      
(D.L.R.)Sim, cada vez mais. Tínhamos 30 crianças, logo tínhamos 3 vagas. Numa situação houve o aparecimento de 5 irmãos o que foi complicado para os alojar a todos.
5 - (G.A.P) Quais os principais motivos para as crianças virem para esta instituição?  
(D.L.R.)A negligência parental, que engloba um pouco de tudo: faltas de condição de habitação, higiene, alimentos, casos de alcoolismo, pobreza.                                
6 - (G.A.P) Como as crianças ocupam o seu fim-de-semana?                   
(D.L.R.)Normalmente têm actividades, como por exemplo: dias de ir ao cinema, ao shopping, actividades nos escuteiros (já foram à Serra do Gerês e à Serra da Estrela). Nas saídas no Verão, nós reservamos-lhes um hotel para poderem ir à praia. Também têm catequese e vão à missa.  
7 - (G.A.P) Quando as crianças têm progenitores, recebem visitas destes?          
(D.L.R.)Sim. E os que não recebem, ao fim de semana visitam os pais ou familiares mais próximos.                       
8 - (G.A.P) Que dificuldades é que encontra com o relacionamento com este tipo de crianças?                                
(D.L.R.) São várias as dificuldades. Por exemplo, reconquistar a confiança de alguém que foi constantemente vítima de maus tratos. Por isso será difícil criar laços com estas crianças. Muitas vezes estas crianças não conseguem distinguir o bem do mal.
9 - (G.A.P)Sem referir a identidade dos jovens/crianças que acolhe, conto-nos uma situação que a tocou mais profundamente?                                       
(D.L.R.)Uma das situações foi que eu fui chamada pela escola devido a uma menina que estava  numa crise de choro incontrolável e quando ela me viu, abraçou-se a mim e disse “Nunca me deixes” e isto tocou-me imenso.
10 - (G.A.P)Acha que as crianças se sentem bem/felizes neste ambiente?            
(D.L.R.)Uns dias sim, outros não. No entanto, sentem bastante conforto. Tentamos criar uma convivência o mais saudável possível, quer ao nível físico/psicológico para uma boa integração da criança.
11 - (G.A.P)Depois de atingirem a maior idade, o que acontece aos jovens?
(D.L.R.)Depende. Algumas se quiserem ficar, nós pedimos ao tribunal e estas podem ficar até aos 21 anos, o que nunca ninguém quer. Neste momento, apenas um pretende ficar. O que acontece é que ao atingirem os 18 anos eles são livres de seguirem a sua vida e, normalmente, eles vão para o ambiente de onde vieram.
12 - (G.A.P)Em que condições a criança fica disponível para adopção? Existem casais que têm interesses em adoptar? Existem listas de espera? Qual o perfil do casal candidato à adopção?
(D.L.R.)Depende muito da situação, mas normalmente aqueles que não têm suporte familiar de vida, é até aos 14 anos. Não, nunca houve nenhuma situação. Também não existem aqui listas de espera, mas sim na segurança social. Não têm acesso a isto. O que existe é uma equipa própria que avalia os casais na segurança social.
13 - (G.A.P)Mantém contacto com os jovens, após estas saírem da instituição? Qual o futuro deles? Recebe visitas dos mesmos?                   
(D.L.R.)Sim, mantemos. Estamos em constante contacto via Internet e via telefone. E, normalmente, antes de saírem já sabemos que futuro vão ter.
14 -  (G.A.P)Até que idades adoptam as crianças?                                                 
(D.L.R.)18 Anos.
15 - (G.A.P)Como se processa a integração das crianças na sociedade/escola?
(D.L.R.)Aquilo que se tenta fazer é colocá-los no máximo de actividades possíveis, ou seja, integrá-los em actividades externas (natação, ténis, etc.) à instituição.
16 - (G.A.P)Há quantos anos desempenha esta função? Gosta do que faz? Porquê? Se não gosta, porque o faz?     
(D.L.R.)Assistente social – Sónia. Desempenho esta função há 2 anos e gosto do que faço.                                                 
Directora – Cláudia. Desempenho esta função há 3 anos e também gosto do que faço, embora seja muito duro.
      


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